A organização da rotina diária e a comunicação das atividades do dia podem se transformar em boas situações de aprendizagem, voltadas para o processo de aprendizagem da leitura e da escrita, pois envolvem a produção de textos pelo professor (a rotina, ou seja, a lista das atividades do dia, a lista dos ajudantes do dia e outros textos relacionados às atividades diárias) e também a leitura desses mesmos textos pelos alunos.
É importante destacar que o registro diário da rotina na lousa pelo professor é da mesma forma uma situação importante para a aquisição do sistema de escrita, o que acontece quando a lista das atividades do dia contempla as mesmas palavras para designar as atividades, variando apenas em função do dia da semana. História, escrita, recreio, Matemática, Artes, Educação Física e outras palavras relacionadas à rotina passarão a fazer parte do vocabulário dos alunos, e o contato com a escrita dessas palavras acabará se tornando uma referência para a escrita de outras palavras. Pouco a pouco, os alunos começarão a reconhecer partes da escrita dessas palavras – as letras com as quais começam ou terminam, a presença de um acento etc.
Muitos educadores, porém, acreditam, equivocadamente, que os alunos devem copiar a rotina no caderno. O simples fato de ver o professor escrever a rotina, acompanhar a leitura e, de vez em quando, ser desafiado a saber o que vai acontecer no dia ajuda o aluno a construir importantes procedimentos relacionados às tarefas escolares e, gradualmente, a consolidar a autonomia necessária para realizar essas tarefas sem que o professor precise lembrá-lo ou orientá-lo o tempo todo. Além disso, quando o adulto informa à criança sobre sua programação diária, está também lhe ajudando a ampliar as suas noções de tempo, construindo importantes noções de anterioridade e posterioridade.
Tal atitude traz consequências também para o emocional dos alunos, que se sentem menos ansiosos perante uma rotina que conhecem previamente.
Mas, e na prática, como fica?
→A princípio, escreva a rotina na lousa na presença dos alunos, ou melhor, para os alunos. Enquanto escreve, leia em voz alta quais serão as atividades do dia, mencionando qual delas iniciará o dia, qual virá na seqüência, o que vem antes do recreio e depois dele, quais as atividades desse dia são diferentes das atividades do dia anterior (a aula de Artes, por exemplo).
→Registre também o dia da semana e do mês.
→Não é necessário pedir aos alunos que copiem a rotina no caderno, já que essa cópia não tem função relevante e dá muito trabalho para eles.
→Se quiser, leve um caderno para a classe e faça dele o diário da turma. Nele, você copia a rotina para que ninguém esqueça o que aconteceu durante as aulas. Caso considere proveitoso, convide alguns alunos para ilustrar uma passagem do dia, cole (ou copie) textos que alguém levou (a letra de uma cantiga, uma notícia etc.), guarde no caderno aquelas “lembrancinhas” que os alunos do 1º ano adoram levar para o professor (uma flor, por exemplo).
→Com o passar do tempo, aí sim, você solicita aos ajudantes do dia colaboração na tarefa de copiar a rotina da lousa. Sempre que você ou alguém da turma quiser se lembrar de algo que já aconteceu, basta consultar o “diário da turma”. Abaixo, um exemplo de registro da rotina.
Ainda com relação à data, mostre aos alunos que o dia é sempre registrado com números e não com letras, embora também seja possível escrever por extenso (explicite as diferenças). Para o mês de março, sugerimos um trabalho mais sistemático com os dias da semana e os meses do ano.
Neste primeiro mês de aula, incentive a leitura do nome da escola pelos alunos, mas não se preocupe em fazê-los copiar o nome. Para tanto, afixe na sala de aula um cartaz sobre o assunto. Utilize o registro escrito do nome da escola também como fonte de informação sobre a escrita de uma forma geral, analisando as palavras que fazem parte dele, com quais letras elas começam etc.
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